quinta-feira, 19 de junho de 2008

Alta Consciência Super Pessoal Cósmica!!!

CARTA ABERTA PARA QUEM DESEJA SER MÚSICO
Por Karlheinz Stockhausen

Uma vez mais estamos envolvidos em uma revolução, mas desta vez está acontecendo no mundo inteiro. Desta vez, fixamos realmente as metas mais altas que nos foi possível. Toda a humanidade está em jogo!
Em todo o mundo, encontramos o sentimento opressivo, e aterrorizado de que ali em frente a todos nós há algo que somente se pode comparar com o nascimento da primeira planta a partir da matéria inanimada, com o nascimento do primeiro animal a partir do reino vegetal ou com o nascimento do primeiro homem a partir do reino animal – uma nova etapa no desenvolvimento da consciência-.
Tão forte como o anseio do homem para a próxima etapa do ser é seu medo, e sua resistência a abrir-se a esta nova consciência. Uns poucos indivíduos, grupos, partidos, povos, crêem que gozam da primazia e que portanto podem suprimir e comerem literalmente aos demais. Porque é verdade, somos desiguais, com respeito a inteligência e as possibilidades, e sabemos que só uns poucos de nós terão êxito na tarefa de serem livres e em lograr um estado de super-consciência por meio de nosso próprio poder interior.
Do mesmo modo, só uns poucos animais “sabiam” como converter-se em humanos. Um só pode chegar a ser mais altamente humano superando seu egocentrismo e superando também o medo de perder-se a si mesmo desta maneira. Não tratemos de estabelecer novos sistemas em oposição aos que queremos derrubar, porque os sistemas são demasiadamente restritivos, e querem excluir, suprimir e erradicar os dissidentes.
Nossa concepção deve ser tão ampla que nos vejamos a nós mesmo como parte do mundo inteiro, permitindo que morram os velhos sistemas, sem perpetua-los e sem agregar novos sistemas para os que pretendamos proclamar direitos exclusivos sobre a mente de outros homens.
Os sistemas são produtos daquela razão que nossos antepassados fizeram único dono do corpo, nele que a alma era uma prisioneira. Os velhos sistemas atribuíam todo o poder ao primeiro servente do corpo, a razão. Mas sejamos conscientes de que a razão, a menos que seja constantemente alimentada por uma inspiração mais elevada desde os supra racionais, continuamente faz as combinações como todo o que está acumulado nela e pode, em qualquer momento, proclamar o que lhe dá vontade como verdadeiro – assim pode reclamar o oposto como verdadeiro - .
Se pode usar a razão para qualquer propósito. Pode sustentar qualquer opinião. Pode justificar, provar ou recusar tudo. E se não tenha aprendido a manejar-la, pode correr loucamente sem parar nunca. É um instrumento útil, nada mais e nada menos. É um computador modelo. Mas para quem o usa? E para que?
O super-ego nos deveria dar alimento para o pensar. E o super-ego adquire esse alimento da consciência intuitiva, da mais alta consciência super pessoal cósmica.
Porque faço eu tal afirmação, eu que no fim das contas sou um musico e não um filósofo? Porque nós os músicos deveríamos viver intuitivamente como for possível. Porque eis descoberto que tudo começa de novo quando se adquire esta consciência e se trata de desenvolver-la toda, toda a que seja possível. Então é um músico somente secundariamente, é um especialista, um homem com uma profissão. Antes de nada, é um espírito individual, que deve tomar contato com o espírito universal antes de tratar de comunicar algo de importância ao resto das pessoas.
A música não deveria ser somente um banho de ondas que massageiam o corpo, um psicograma tonal, um programa de pensamento com tons.
Deveria ser uma corrente tonal metamorfoseada de eletricidade cósmica super-consciente.
A maioria dos músicos que praticam a música hoje em dia estão realizando uma ação automática – inconscientemente – e perderam o entusiasmo que talvez tiveram durante um breve lapso quando eram mais jovens e estavam decididos com respeito a música como profissão. Devemos construir novamente desde o principio, e uma vez mais devemos despertar esse entusiasmo original, o senão abandonar a música.
Por essa razão, deveriam dissolver todas as orquestras e coros por um tempo e dar a cada músico a oportunidade e o tempo para olharem dentro de si, para meditar, para descobrir que é aquilo para qual vive, porque faz música e se está profundamente entregue a música e por tanto deve dedicar-se a ela.
Infelizmente, veríamos que a maioria dos músicos que têm estado durante anos comprometidos com esta profissão da música, e que crêem que esta atividade continuará até que morram ou que se retirem. Deixariam a música e se dedicariam a outra coisa.
Talvez não fariam nada durante um tempo grande (sempre que um continuará pagando-os e portanto privando-lhes desses velhos argumentos financeiros que fazem que as pessoas sigam mantendo o que odeia), o que poderia ser em si mais frutífero. As razoes habituais para ganhar dinheiro – permanecer vivo ou satisfazer as exigências sempre em aumento de cada um – são ao fim e ao cabo nada mais que razoes preguiçosas.


Na Índia, em uma estrada entre Agra e Jaipur, conheci um músico que tocava para mim em um pequeno instrumento de cordas que havia ele mesmo construído. Não possuía mais nada. Me disse que quando obtinha uma boa remuneração ganhava aproximadamente três centavos por dia, dados por algum transeunte que gostava de sua música.
Quando lhe perguntei se me venderia seu instrumento por vinte dólares – uma soma que não poderia ganhar nem em uns vários anos – me olhou estupefato, lhe caíram lagrimas pelas bochechas e sacudiu a cabeça: “Não”. Me senti mortalmente envergonhado.
Aqueles que querem ser músicos, seguindo seu chamado mais elevado, devem começar com o mais simples dos exercícios de meditação, a principio a sós com eles mesmos: “ Tocar um som com a idéia de que um dispõe de todo o tempo e espaço do mundo”, e assim daí por diante. Antes de mais nada, de todos os modos, devem adquirir consciência, consciência de porque estão vivos, de porque todos estamos vivos para levar uma vida mais elevada e para permitir que as oscilações do universo penetram
Em nossa existência humana individual. E os músicos devem criar as bases para a chegada de um ser humano mais elevado ainda enterrado dentro de nós. E colocar o corpo todo, até as partes mais pequenas, em estão de vibração para que todo chegue a ser mais receptivo e mais solto e para que o músico posso perceber as vibrações da consciência mais elevada.
Posso experimentar de antemão a desaprovação com que vocês lerão esta “carta aberta”. Não me importo. De todos modos, estaria muito mal que não tiveram sequer a insinuação de que em seus melhores momentos vocês atuam por intuição e que são as possibilidades de uma existência superior que lhes fazem permanecerem vivos. Vocês não queriam seguir vivendo se tivessem os sentidos embotados. Em troca, deveriam desejar adquirir maior consciência do mundo e seus porquês e talvez.
E deveriam saber que nossas falhas e nossas imperfeições são só signos de que estamos ascendendo, elevados para esse futuro que está em nós mesmos – aquilo que é a super-consciência, constantemente levando-nos para cima, cada vez mais alto.
Nós, os músicos, recebemos um grande poder para acender com acordes o fogo do desejo de elevar-se. Fora de nós mesmos. Sejamos cuidadosos de não perder este poder. Não só é importante que os músicos tratem de alcançar as alturas mais elevadas, senão que ademais o campo da vibração que os rodeia é tão forte, tão sobre-elétrico, que qualquer um que penetre neste campo se eleva com os músicos.
Participemos portanto da grande revolução da Humanidade, posto que realmente sabemos o que queremos de verdade.
Vale a pena julgar-se a própria vida quando está em jogo. Mas já não vale a pena quando somente estão comprometidas verdade parciais, grupos privados, problemas nacionais ou problemas políticos unidimensionais. Que não nos domine a idéia de que há alguma classe de validez individual em uma revolução francesa, vietnamita, tcheca, russa ou africana. O único que conta é a revolução da juventude mundial em prol do mais elevado do homem. Nada mais que isto. O homem mais elevado não há de nascer da destruição, da explosão de átomos, de fechar fronteiras viciadas, senão só da consciência crescente de que a humanidade é só corpo, e de que o corpo inteiro está enfermo e incapacitado, enquanto haja um só de seus membros golpeado, ferido, ultrajado ou eliminado.
A batalha – e uma batalha é inevitável - será dura, já que os que estão no poder perderam sua fé na humanidade. Crêem que eles são os escolhidos porque a situação é tal que têm os meios físicos para deter o poder. Tem a sua disposição dogmas e os sistemas morais, políticos e religiosos que usam para julgar e dar ordens aos mais débeis. Mas na realidade, são prisioneiros de sua própria razão, que divide tudo para poder “entender” e controlar o mundo.
Portanto, os engenheiros da razão perderam em ultima analise suas guerras não santas porque têm calos e não têm nenhuma super consciência do homem mais elevado que inspire suas ações. Somos governados por generais de exército, magnatas financeiros, estadistas, oficiais de partido, fanáticos religiosos, líderes grupais e especialistas em administração.
Que outra coisa podemos esperar do mundo sob estas circunstâncias?
Mas comecemos desde a linha de partida: desde nós mesmos. E quando tenhamos adquirido a consciência mais elevada já não necessitaremos “ser governados”. Então obteremos conselhos dos santos – não dos santos da igreja mas sim dos espíritos que servem a toda a humanidade, que adquiriram uma consciência universal que vai mais além das diferenças de religião e raça e que não confunde universalidade com uniformidade.
O que tem tudo isso a ver com a música?
Hoje o que interessa é a totalidade. Se entendermos isto, faremos uma música verdadeira que permitirá que esta totalidade se possa conhecer.



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4 comentários:

Anônimo disse...

Há Muito perdi a fé, que me habitava inteiro, meu todo se diluiu nos vários modos de ser e estar no mundo.Já não creio em revoluções, assim como também na salvação.Apesar de tudo isso ainda teimo, incessantemente nessa coisa a que chamo musica...Outrora tentei ser essa totalidade que o texto fala, comecei a pensar e a sentir o lampejo divino da plenitude que temos no nosso mais profundo ser, e é este íssimo o que me carrega e que me faz o(s) Ser(res) que sou, um quase aliciamento in-dolor. Hoje vejo cores diferentes, mas não distantes das outras. Vejo a cegueira e o mau humor de nossos músicos cinzas, mas cabe a cada um vestir-se do que é ou do que um dia foi, sempre são nossas tuas minhas as múltiplas escolhas escolhas. Por fim, realmente espero por essa tras-forma-ação do homem e quem sabe a um admirável mundo novo habitatado por outros sons...

david disse...

hermoso blog..
voy a leer con mas calma las palabras del maestro Stockhausen..
gracias por compartirlo

si quieres pasar por mi blog seja beimvido!!

david viveros

inciensoparalosoidos.blogspot.com

Malunchi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Malunchi disse...

oi, também seria bom se você colocar o nome do blog de onde consegueu o cd de stockhausen.

Saudações