segunda-feira, 23 de junho de 2008

!!!Como aprender a sentar na cadeira!!!


Björk entrevista Stockhausen

Entrei para a escola de música aos cinco anos de idade, e fui apresentada a Stockhausen quando eu tinha 12 ou 13 pelo meu professor e compositor islandês de musicologia.

Lembro-me de estar em pé de guerra na escola, me sentia a “estranha”, com uma verdadeira paixão pela música, mas contra toda essa música “retrô”, constantemente bloqueada entre Beethoven e Bach. Muito da minha frustração se deve a obsessão da escola com o passado.
Quando eu fui apresentada a Stockhausen.... foi como 'aaah'! Finalmente alguém estava falando a minha língua.

Stockhausen disse frases como: "Temos de ouvir a "música dos antigos " um dia por ano e os outros 364 dias temos de ouvir a 'música do agora'. E devemos fazê-lo, da mesma forma que olhamos os álbuns de fotografia quando éramos crianças. Se você olhar para os álbuns antigos muitas vezes eles só se tornam inúteis. Você começa prestar atenção em algo que não importa, e você para de se preocupar com o dia de hoje. E esse foi o modo como ele olhou para todas as pessoas que estão obcecados com a velha música.

Para uma criança de 12 anos da minha geração, essa experiência foi brilhante, porque ao mesmo tempo eu estava também sendo introduzida para a música eletrônica de bandas como Kraftwerk e DAF.

Penso que quando se trata de música eletrônica e música atonal, Stockhausen é o melhor. Ele foi a primeira pessoa a fazer música eletrônica, mesmo antes da invenção dos sintetizadores. Gosto de compará-lo a Picasso, pois como ele, Stockhausen tem tantas fases. São tantos os músicos que fizeram uma carreira inteira dentro de uma só fase. Ele vai um passo à frente, descobre algo musicalmente que nunca foi feito antes e quando as pessoas agarram sua nova idéia, ele começa a criar uma outra coisa.

Tal como todos os gênios científicos, Stockhausen parece obcecado com o casamento entre ciência e mistério, embora sejam opostos. Cientistas normais estão obcecados com fatos; cientistas gênios estão obcecados com mistério. Quanto mais Stockhausen se aprofunda cientificamente sobre o estuda do som, mais ele constata que não sabe nada (nada sobre “jack shit”!!!); de que ele está perdido.

Stockhausen me contou sobre a casa que construiu na floresta onde viveu por dez anos. Construída a partir de pedaços de vidro hexagonais onde todos os cômodos são irregulares. Os cantos da casa são iluminados por spotligths criando vários reflexos. A floresta torna-se espelhada no interior da casa. Ele estava me explicando que mesmo após dez anos continuava a ter momentos em que não sabia onde estava na casa, e me disse isso com admiração nos olhos. E eu disse: "Isso é brilhante: você pode estar inocente até mesmo em sua própria casa", e ele respondeu, "Não apenas inocente, mas curioso." Ele é um grande humorista.

Björk Gudmundsdottir: Me parece que a sua música eletrônica é mais parecida com sua voz e as outras peças são menos pessoais de algum modo. Você sente isso também?

Karlheinz Stockhausen : Sim, porque um monte de coisas que eu componho soam como um mundo alienígena. Então uma noção "pessoal" é irrelevante. Não é importante, porque é algo que não sabemos, mas eu gosto e faço.

BG: Parece-me que você acabou de colocar sua antenas para fora, e que é como a sua voz, seu ponto de vista, como do exterior. Ou algo parecido... (pausa) Eu não posso explicá-la.

KS: Não há e nem pode. A coisa mais importante é que não é como um mundo pessoal, mas sim algo que todos nós não sabemos. Nós temos que Se nós chegarmos em algo parecido com isso, então tivemos sorte.

BG: Tem a certeza que não é você?

KS: Oh, eu me surpreendo comigo mesmo frequentemente. E quanto mais eu descobrir algo que nunca tenha experimentado antes, mais eu fico animado. Isso eu acho importante.

BG: Eu tenho um problema: eu fico muito animada com a música. Entro em pânico porque eu não tenho tempo para fazer tudo. Isto te preocupa?

KS: Sim e não, porque eu aprendi agora na minha vida, que mesmo as minhas mais precoces obras feitas 46 anos atrás, não são entendidas pela maioria das pessoas. É um processo natural, onde aquilo que te surpreende só vai ser incorporado duramente mais tarde pelas pessoas. Portanto seriam necessários 200 anos para que as pessoas alcançassem no mesmo estágio que eu cheguei, depois de gastar, vamos dizer, 8 horas por dia durante 3 anos em estúdio criando algo. Você precisa do mesmo tempo que eu tive somente para ouvir a obra. Não vamos falar de entendimento nem mesmo o que ela significa. Portanto, este é o processo natural, que alguns músicos façam algo que necessita de muito tempo para ser entendida (ouvida).... muitas, muitas vezes, e isso é muito bom.

BG: Sim, mas também estou falando sobre o relacionamento entre você e você mesmo, e no tempo que você tem entre o nascimento e morte. Se é o suficiente para fazer todas as coisas que deseja ..

KS: Não, você só pode fazer uma pequena parte do que quer. Isso é natural.

BG: Sim, talvez eu seja muito impaciente....
É difícil para mim ...

KS: 80 ou 90 anos não é nada. Há uma grande quantidade de peças de música muito bonita do passado que a maioria das pessoas vivas hoje em dia nunca ouvirão. Estas peças são extremamente preciosas, cheias de mistério, de inteligência e invenções. Estou pensando neste momento de certas obras de Johan Sebastian Bach, ou mesmo compositores anteriores. Há tantas composições fantásticas, de 500...600 anos, nem sequer conhecidas da maioria dos seres humanos. Portanto, vai demorar muito tempo. Há bilhões de coisas preciosas no universo que não temos tempo para estudar.

BG: Você parece ser tão paciente, você tem toda essa disciplina de como usar o tempo. Isso me assusta , eu ainda não aprendi a sentar na minha cadeira, que é muito difícil para mim. Você sempre trabalha oito horas por dia?

KS: Mais.

BG: Você acha que seu desejo principal é mostrar ou gravar as coisas “ de fora” para provar que elas existem, apenas por razões científicas, ou é mais emocional para criar uma desculpa para que todos se unam. Então talvez algo aconteça, como sua música pode conseguir isso?

KS: Ambas.

BG: Ambas?

KS: Claro.
Sou como um caçador, tentando encontrar alguma coisa, e ao mesmo tempo, esse é o aspecto científico, tentando descobrir. Por outro lado, estou emocionalmente em alta tensão quando se trata do momento em que tenho de agir com os meus dedos, com as minhas mãos e meus ouvidos, para criar o som, para moldar o som.
É que não posso pensar e agir de forma separada com os meus sentidos: ambos são igualmente importantes para mim. Mas o total envolvimento acontece em ambos estados: se eu sou mais um pensador, um ator; Estou totalmente envolvido, eu fico envolto.


BG: Eu costumo viajar com minha pequena “ghettoblaster” , e com meu bolso cheio de fitas, e tento sempre colocar a canção certa. Não me importa a canção, contanto que ela una e mantenha a todos unidos no quarto. Mas sabe, as vezes pode ser um truque bem barato. Lembro-me de ler uma vez que a guerra é uma das razões pelas quais você não gosta de ritmo regular.



KS: Não, não, isso é ...

BG: Isso é um equívoco?

KS: Quando eu danço me agrada a música “dance” normal. Com síncopes naturais. Não deve ser sempre como uma máquina. Mas quando eu escrevo, eu uso raramente ritmos periódicos, e somente num estágio intermediário, porque penso que há uma evolução na linguagem da música na Europa, que conduz a partir de ritmos muito simples para ritmos mais e mais irregulares. Portanto, sou cuidadoso com a música que sublinha este tipo de periodicidade minimalista que traz os mais básicos sentimentos e impulsos em cada pessoa. Quando digo "básico", significa reação física. Mas nós não somos apenas um corpo que caminha, que corre, que faz movimentos sexuais, que tem um batimento cardíaco, que é, mais ou menos, em um corpo saudável, 71 batimentos por minuto, ou que tenha certos impulsos cerebrais, por isso somos um conjunto do sistema de ritmos periódicos.
Mas dentro do corpo existem muitas periodicidades sobrepostas, da muito rápida até a muito lenta. Respirar é, em uma situação tranquila, a cada seis ou sete segundos. Tem periodicidade. E todos esses ritmos periódicos juntos constroem uma música muito polimérica no corpo, mas quando eu faço a arte musical eu sou parte de toda essa evolução, e estou sempre à procura de mais e mais diferenciação. Sempre com a forma.

BG: Só porque isto é mais honesto, é mais real?

KS: Sim, mas o que a maioria das pessoas gostam é de uma batida regular, hoje eles tornam cada vez mais a música pop como uma máquina. Penso que deveríamos tentar fazer uma música que é um pouco mais ... flexível, assim por dizer, um pouco mais irregular. Irregularidade é um desafio, você vê? Quão longe podemos ir fazendo música irregular? Longe somente em um pequeno momento, em que tudo cai em sincronia e em seguida cai novamente em vários ritmos e métricas. Mas, de qualquer modo, isto é como a tem sido a história.

BG: Acho que, na música popular hoje as pessoas estão tentando chegar a termos com o fato de que eles estão vivendo com todas estas máquinas, e tentam combinar máquinas e os seres humanos, tentando casar-los em um casamento feliz: tentando ser otimista sobre isso. Eu fui trazido por uma mãe que acreditava ferozmente na natureza e queria que eu ficasse descalça 24 horas e todas estas coisas, então eu cresci com um grande complexo de culpa por causa de automóveis e arranha-céus, e eu fui ensinada a odiar-los , e depois eu penso eu estou, assim dizendo , no meio de tudo isso. Vejo esta geração dez anos mais nova do que eu fazer música, tentando viver com isso. Mas tudo está com os ritmos regulares e aprender a amá-los, mas ainda ser humano, continua a ser tudo natural e orgânico.

KS: Mas ritmos regulares estão sempre em todas as culturas: a base da estrutura. Só ultimamente que eles vêm para fazer um ritmo mais complicado, por isso, penso que não é assim que as máquinas trouxeram irregularidade.

BG: Sim, penso que o que me faz feliz é o seu otimismo, especialmente sobre o futuro.
E eu acho que, para mim, e aqui estou falando sobre minha geração. Nós aprendemos que o mundo está descendo pelo ralo e que todos nós morremos logo, e encontrar alguém tão aberto quanto o senhor, com otimismo, é especial. Muitos jovens são fascinados pelo o que você está fazendo. Você acha que isso se deve ao seu otimismo?

KS: Eu entendo também que as obras compostas por mim dão muito material para estudo, ensino e experiência. Em particular, essas obras sendo experimentadas (por si mesmo) dão confiança e a visão de que há muito a se fazer ainda.

BG: E também porque talvez você tenha feito muitas coisas, e que muitos jovens encontrarão apenas um por cento do seu trabalho, e mesmo assim eles podem se identificar com o que você fez.

KS: Talvez com diferentes obras, porque não podem conhecer a todas elas. Eu tenho 253 obras em partituras, e cerca de 70 ou 80 CDs com diversas obras diferentes, ou seja, há muito a descobrir. É como um mundo dentro do mundo, e há muitos aspectos diferentes. Isso é provavelmente o que eles gostam: todas as peças são muito diferentes. Eu não gosto de me repetir.

BG: Você acha que é nosso dever chegar aos limites, utilizar tudo o que temos, com toda a inteligência e todo o tempo, e experimentar tudo, especialmente se for difícil, ou você pensa que é mais uma questão de apenas seguir os instintos, deixando de fora as coisas que não nos dê prazer?

KS: Eu estou pensando neste momento nos meus filhos. Tenho seis filhos, eles são bem diferentes. Em particular, há dois, que são a propósito os mais jovens, que ainda se jogam em muitas direções diferentes pelo gosto, ou emoção, e há um filho que é trompetista que tentou há alguns anos se tornar um mestre espiritual.

Ele quis ser um professor de Yoga e ajudar as pessoas que estavam desesperadas, se alegrarem e acreditarem num mundo melhor, mas então eu disse a ele que existem suficientes pregadores, e que se mantivesse fiel ao seu trompete.

Eu poderia ter sido um professor, um arquiteto, um filósofo, um professor, e sabe Deus mais o que mais entre várias faculdades.

Eu poderia ser um jardineiro ou um agricultor facilmente: eu fui fazendeiro por um longo tempo, um ano e meio da minha vida.

Eu trabalhei numa fábrica de carros por um tempo, e eu gostava do trabalho; mas eu só compreendi, no final dos meus estudos, quando eu ainda estava trabalhando em uma tese de doutoramento e como pianista eu ensaiava quatro ou cinco horas por dia ao piano , como um instrumento solo.

Eu tocava todas as noites num bar para ganhar a vida, mas desde que eu compus a primeira peça onde eu senti que soou muito diferente de tudo que eu sabia, eu me concentrei na arte da composição e eu perdi quase tudo que o mundo oferece a mim, as outras faculdades e outras formas de viver como você acaba de dizer, a emoção de todos os tipos de entretenimento de toda espécie.

Tenho realmente concentrado de dia e de noite em que um aspecto muito rígido, compondo, executando e revendo as minhas partituras e as publicando.

E, para mim, este foi o caminho certo. Não posso aconselhar no geral, deve ser uma chamada interna, e a pessoa tem que ouvi-la.

Você tem que ouvir o chamado e então depois de ouvi-lo, não haverá nenhuma pergunta.

BG: Sim, é como se pode ir mais longe.

KS: Não sei. Eu penso apenas que não poderia atingir nada que me faça sentido se eu não me concentrar totalmente nisso. Então eu perco muito do que a vida tem para oferecer.

BG: E aprender a sentar em uma cadeira.

KS: Você sabe que eu também sou maestro, não é apenas sentar em uma cadeira. Eu regi orquestras, corais, vários ensaios... correndo de um lado pro outro.... organizando os alto falantes com os técnicos e todos os ensaios, portanto, não é apenas “sentar” numa cadeira, mas eu sei o que quis dizer, sim, é “concentrar” naquela vocação .


Gesang der Jünglinge (Canção da Juventude)

Considerada a primeira obra-prima da música eletrônica.

Abaixo um trecho da partitura. E os links para ouvir e pra quem quiser se aprofundar na obra:

http://rapidshare.com/files/124609306/04_Gesang_der_Juenglinge__1955-56_.mp3

http://www.music.columbia.edu/masterpieces/notes/stockhausen/GesangHistoryandAnalysis.pdf




































Björk
Wanderlust (Volta 2007)
http://rapidshare.com/files/124609307/02_Wanderlust.m4a
http://www.youtube.com/watch?v=_8ZPV4RzG4M
























Björk por Xiu Xiu (Stereogum - Tributo ao representativo POST de Björk)
Isobel

http://rapidshare.com/files/124609308/07_Isobel.mp3

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Alta Consciência Super Pessoal Cósmica!!!

CARTA ABERTA PARA QUEM DESEJA SER MÚSICO
Por Karlheinz Stockhausen

Uma vez mais estamos envolvidos em uma revolução, mas desta vez está acontecendo no mundo inteiro. Desta vez, fixamos realmente as metas mais altas que nos foi possível. Toda a humanidade está em jogo!
Em todo o mundo, encontramos o sentimento opressivo, e aterrorizado de que ali em frente a todos nós há algo que somente se pode comparar com o nascimento da primeira planta a partir da matéria inanimada, com o nascimento do primeiro animal a partir do reino vegetal ou com o nascimento do primeiro homem a partir do reino animal – uma nova etapa no desenvolvimento da consciência-.
Tão forte como o anseio do homem para a próxima etapa do ser é seu medo, e sua resistência a abrir-se a esta nova consciência. Uns poucos indivíduos, grupos, partidos, povos, crêem que gozam da primazia e que portanto podem suprimir e comerem literalmente aos demais. Porque é verdade, somos desiguais, com respeito a inteligência e as possibilidades, e sabemos que só uns poucos de nós terão êxito na tarefa de serem livres e em lograr um estado de super-consciência por meio de nosso próprio poder interior.
Do mesmo modo, só uns poucos animais “sabiam” como converter-se em humanos. Um só pode chegar a ser mais altamente humano superando seu egocentrismo e superando também o medo de perder-se a si mesmo desta maneira. Não tratemos de estabelecer novos sistemas em oposição aos que queremos derrubar, porque os sistemas são demasiadamente restritivos, e querem excluir, suprimir e erradicar os dissidentes.
Nossa concepção deve ser tão ampla que nos vejamos a nós mesmo como parte do mundo inteiro, permitindo que morram os velhos sistemas, sem perpetua-los e sem agregar novos sistemas para os que pretendamos proclamar direitos exclusivos sobre a mente de outros homens.
Os sistemas são produtos daquela razão que nossos antepassados fizeram único dono do corpo, nele que a alma era uma prisioneira. Os velhos sistemas atribuíam todo o poder ao primeiro servente do corpo, a razão. Mas sejamos conscientes de que a razão, a menos que seja constantemente alimentada por uma inspiração mais elevada desde os supra racionais, continuamente faz as combinações como todo o que está acumulado nela e pode, em qualquer momento, proclamar o que lhe dá vontade como verdadeiro – assim pode reclamar o oposto como verdadeiro - .
Se pode usar a razão para qualquer propósito. Pode sustentar qualquer opinião. Pode justificar, provar ou recusar tudo. E se não tenha aprendido a manejar-la, pode correr loucamente sem parar nunca. É um instrumento útil, nada mais e nada menos. É um computador modelo. Mas para quem o usa? E para que?
O super-ego nos deveria dar alimento para o pensar. E o super-ego adquire esse alimento da consciência intuitiva, da mais alta consciência super pessoal cósmica.
Porque faço eu tal afirmação, eu que no fim das contas sou um musico e não um filósofo? Porque nós os músicos deveríamos viver intuitivamente como for possível. Porque eis descoberto que tudo começa de novo quando se adquire esta consciência e se trata de desenvolver-la toda, toda a que seja possível. Então é um músico somente secundariamente, é um especialista, um homem com uma profissão. Antes de nada, é um espírito individual, que deve tomar contato com o espírito universal antes de tratar de comunicar algo de importância ao resto das pessoas.
A música não deveria ser somente um banho de ondas que massageiam o corpo, um psicograma tonal, um programa de pensamento com tons.
Deveria ser uma corrente tonal metamorfoseada de eletricidade cósmica super-consciente.
A maioria dos músicos que praticam a música hoje em dia estão realizando uma ação automática – inconscientemente – e perderam o entusiasmo que talvez tiveram durante um breve lapso quando eram mais jovens e estavam decididos com respeito a música como profissão. Devemos construir novamente desde o principio, e uma vez mais devemos despertar esse entusiasmo original, o senão abandonar a música.
Por essa razão, deveriam dissolver todas as orquestras e coros por um tempo e dar a cada músico a oportunidade e o tempo para olharem dentro de si, para meditar, para descobrir que é aquilo para qual vive, porque faz música e se está profundamente entregue a música e por tanto deve dedicar-se a ela.
Infelizmente, veríamos que a maioria dos músicos que têm estado durante anos comprometidos com esta profissão da música, e que crêem que esta atividade continuará até que morram ou que se retirem. Deixariam a música e se dedicariam a outra coisa.
Talvez não fariam nada durante um tempo grande (sempre que um continuará pagando-os e portanto privando-lhes desses velhos argumentos financeiros que fazem que as pessoas sigam mantendo o que odeia), o que poderia ser em si mais frutífero. As razoes habituais para ganhar dinheiro – permanecer vivo ou satisfazer as exigências sempre em aumento de cada um – são ao fim e ao cabo nada mais que razoes preguiçosas.


Na Índia, em uma estrada entre Agra e Jaipur, conheci um músico que tocava para mim em um pequeno instrumento de cordas que havia ele mesmo construído. Não possuía mais nada. Me disse que quando obtinha uma boa remuneração ganhava aproximadamente três centavos por dia, dados por algum transeunte que gostava de sua música.
Quando lhe perguntei se me venderia seu instrumento por vinte dólares – uma soma que não poderia ganhar nem em uns vários anos – me olhou estupefato, lhe caíram lagrimas pelas bochechas e sacudiu a cabeça: “Não”. Me senti mortalmente envergonhado.
Aqueles que querem ser músicos, seguindo seu chamado mais elevado, devem começar com o mais simples dos exercícios de meditação, a principio a sós com eles mesmos: “ Tocar um som com a idéia de que um dispõe de todo o tempo e espaço do mundo”, e assim daí por diante. Antes de mais nada, de todos os modos, devem adquirir consciência, consciência de porque estão vivos, de porque todos estamos vivos para levar uma vida mais elevada e para permitir que as oscilações do universo penetram
Em nossa existência humana individual. E os músicos devem criar as bases para a chegada de um ser humano mais elevado ainda enterrado dentro de nós. E colocar o corpo todo, até as partes mais pequenas, em estão de vibração para que todo chegue a ser mais receptivo e mais solto e para que o músico posso perceber as vibrações da consciência mais elevada.
Posso experimentar de antemão a desaprovação com que vocês lerão esta “carta aberta”. Não me importo. De todos modos, estaria muito mal que não tiveram sequer a insinuação de que em seus melhores momentos vocês atuam por intuição e que são as possibilidades de uma existência superior que lhes fazem permanecerem vivos. Vocês não queriam seguir vivendo se tivessem os sentidos embotados. Em troca, deveriam desejar adquirir maior consciência do mundo e seus porquês e talvez.
E deveriam saber que nossas falhas e nossas imperfeições são só signos de que estamos ascendendo, elevados para esse futuro que está em nós mesmos – aquilo que é a super-consciência, constantemente levando-nos para cima, cada vez mais alto.
Nós, os músicos, recebemos um grande poder para acender com acordes o fogo do desejo de elevar-se. Fora de nós mesmos. Sejamos cuidadosos de não perder este poder. Não só é importante que os músicos tratem de alcançar as alturas mais elevadas, senão que ademais o campo da vibração que os rodeia é tão forte, tão sobre-elétrico, que qualquer um que penetre neste campo se eleva com os músicos.
Participemos portanto da grande revolução da Humanidade, posto que realmente sabemos o que queremos de verdade.
Vale a pena julgar-se a própria vida quando está em jogo. Mas já não vale a pena quando somente estão comprometidas verdade parciais, grupos privados, problemas nacionais ou problemas políticos unidimensionais. Que não nos domine a idéia de que há alguma classe de validez individual em uma revolução francesa, vietnamita, tcheca, russa ou africana. O único que conta é a revolução da juventude mundial em prol do mais elevado do homem. Nada mais que isto. O homem mais elevado não há de nascer da destruição, da explosão de átomos, de fechar fronteiras viciadas, senão só da consciência crescente de que a humanidade é só corpo, e de que o corpo inteiro está enfermo e incapacitado, enquanto haja um só de seus membros golpeado, ferido, ultrajado ou eliminado.
A batalha – e uma batalha é inevitável - será dura, já que os que estão no poder perderam sua fé na humanidade. Crêem que eles são os escolhidos porque a situação é tal que têm os meios físicos para deter o poder. Tem a sua disposição dogmas e os sistemas morais, políticos e religiosos que usam para julgar e dar ordens aos mais débeis. Mas na realidade, são prisioneiros de sua própria razão, que divide tudo para poder “entender” e controlar o mundo.
Portanto, os engenheiros da razão perderam em ultima analise suas guerras não santas porque têm calos e não têm nenhuma super consciência do homem mais elevado que inspire suas ações. Somos governados por generais de exército, magnatas financeiros, estadistas, oficiais de partido, fanáticos religiosos, líderes grupais e especialistas em administração.
Que outra coisa podemos esperar do mundo sob estas circunstâncias?
Mas comecemos desde a linha de partida: desde nós mesmos. E quando tenhamos adquirido a consciência mais elevada já não necessitaremos “ser governados”. Então obteremos conselhos dos santos – não dos santos da igreja mas sim dos espíritos que servem a toda a humanidade, que adquiriram uma consciência universal que vai mais além das diferenças de religião e raça e que não confunde universalidade com uniformidade.
O que tem tudo isso a ver com a música?
Hoje o que interessa é a totalidade. Se entendermos isto, faremos uma música verdadeira que permitirá que esta totalidade se possa conhecer.



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segunda-feira, 16 de junho de 2008

!!!VIVA PAULO SZOT!!!

!!!Momento Histórico!!!




Paulo Szot é o primeiro brasileiro a levar o maior prêmio para um artista na Broadway, o "Tony"!!! Melhor ator em musical!!!






Como Villa-Lobos, 60 anos atrás com sua conturbada "Magdalena", Paulo saiu do cenário operístico diretamente para a Broadway, sem passar pelo teatro, propriamente.

Apesar da resistência da Broadway a "estrangeiros", Paulo simplesmente ganhou todos os prêmios que foi indicado.
Por que?
Porque é inquestionável o seu valor artístico!!!
Simples!!!???
Grande!!!






This is unbelievable. Liza Minnelli. Wow!






Já nos bastidores, ele agradece e encerra em português:
"Eu dedico este prêmio ao povo brasileiro, especialmente aos artistas, que lutam por reconhecimento nacional e internacional. Um beijo no coração do meu Brasil."

Prêmios (Broadway)
Tony Award - Best Actor in a Musical
Drama Desk Award- Outstanding Actor in a Musical
Outer Critics Circle Award- Best Actor in a Musical
Theater World Award - Best performance in New York


Sua carreira está num crescente contínuo, e continuará assim!!! Sempre!!!

Paulo é um artista completo. Desde o início quando o conheci no Teatro Municipal de São Paulo (1994) onde fizemos sua estréia na Vesperal Lírica com a ópera "Il Trovatore", percebi que se tratava de um outro tipo de artista, daqueles que transcendem.

Sua musicalidade é igualmente extraordinária quanto o seu conhecimento musical e sua técnica de canto.

Tive o grande prazer de trabalhar com o Paulo várias vezes e nos tornamos amigos. Estive com ele desde as suas estréias em vesperal lírica, ópera e teatro!!!.
Sim fizemos teatro!!! NxW de Gerald Thomas, onde Paulo cantava (maravilhosamente) o "Liebstod" de "Tristão e Isolda" acompanhado por mim ao piano.

Tive a honra de ter tido Paulo como meu Don Giovanni em duas produções, uma aqui no Festival Amazonas de Ópera em 2002, e outra na Ópera da Colômbia em 2006.

Uma das minha grandes felicidades musicais foi escrever as variações de Don Giovanni especialmente pra ele; a sua canzonetta "Deh! vienni alla finestra" é inesquecível!!!

!!!BRAVO PAULO!!!


Paulo Szot (em dois momentos incríveis de South Pacific)
http://www.youtube.com/watch?v=b198Aap7nH0
http://www.youtube.com/watch?v=WSH6oBRw6rw&NR=1

Ezio Pinza (lendário baixo que estreou South Pacific em 1949)
http://br.youtube.com/watch?v=x1qpQb11YWc&feature=related

DON GIOVANNI, ossia il Dissoluto Punito
Wolfgang Amadeus Mozart / Lorenzo da Ponte

Don Giovanni Paulo Szot (Brasil)
Donna Anna Georgia Jarman (EUA)
Don Ottavio Juan José Lopera (Colômbia)
Il Comendatore Pepes do Valle (Brasil)
Donna Elvira Marguerite Krull (EUA)
Leporello Juan Tomás Martínez (Venezuela)
Masetto Camilo Mendoza (Colômbia)
Zerlina Adriana Montaña (Colômbia)
ORQUESTRA FILARMôNICA DE BOGOTÁ
Diretor Musical Marcelo de Jesus (Brasil)
Diretor Cênico Alejandro Chacón (Argentina)

http://rapidshare.com/files/123009231/Don_Giovanni_Atto_I_-_De_Jesus__Szot__Jarman__Lopera__Krull__Do_Valle...__pera_de_Bogot_.mp3
http://rapidshare.com/files/123019433/Don_Giovanni_Atto_II_-_De_Jesus__Szot__Jarman__Lopera__Krull__Do_Valle...__pera_de_Bogot_.mp3

domingo, 15 de junho de 2008

XII FESTIVAL AMAZONAS DE ÓPERA


Richard Strauss – “ARIADNE AUF NAXOS” – Teatro Amazonas – Abril: 17,20 e 26
Mordono – Caio Ferraz
Mestre de Música - Francisco Frias
Compositor – Celine Imbert
O Tenor / Bacchus – Michael Hendrick
O Oficial – Eric Herrero
Um Metre du ballet – Geilson Santos
Peruqueiro – João Batista
O Lacaio – Eduardo Amir
Zerbinetta – Rosana Schiavi
Primadonna / Ariadne – Viriginia Dupuy
Arlequim – Leonardo Pace
Scaramuccio – Thiago Soares
Truffaldim – Lucas Debevec-Mayer
Brigella – Flávio Leite
Naiade – Gabriella Pace
Driade – Elaine Martorano
Eco –Edna d’Oliveira
AMAZONAS FILARMÔNICA
Direção Musical e Regência: LUIZ FERNANDO MALHEIRO
Direção Cênica, Concepção e Iluminação: CAETANO VILELA
Cenários: RENATO THEOBALDO & ROBERTO ROLNIK
Figurinos: OLINTHO MALAQUIAS
Assistente da direção musical: Franco Bueno
Assistente de direção e direção de palco: Flávia Furtado/Thiago Rodrigues
Pianistas preparadores: Carlos Morejano e Nathália Kato

http://rapidshare.com/files/122290943/Ariadne_aufNaxos_-_Luiz_Fernando_Malheiro_17_04_2008_disco_1.zip
http://rapidshare.com/files/122295592/Ariadne_aufNaxos_-_Luiz_Fernando_Malheiro_17_04_2008_disco_2.zip
http://rapidshare.com/files/122295593/Ariadne_aufNaxos_-_Luiz_Fernando_Malheiro_17_04_2008_disco_3.zip


Gustav Mahler – “DAS LIED VON DER ERDE” (A CANÇÃO DA TERRA)
Teatro Amazonas – Abril: 19 e 23

Denise de Freitas – mezzo-soprano
Michael Hendrick – tenor

AMAZONAS FILARMÔNICA


Direção Musical e Regência: LUIZ FERNANDO MALHEIRO

Assistente da direção musical: Franco Bueno
Pianista preparador:Thiago Rodrigues

http://rapidshare.com/files/122430839/Das_Lied_von_der_Erde_-_Luiz_Fernando_Malheiro_08.zip


“BARROCA” Teatro Amazonas – Maio: 03

Concerto com obras de Georg Friedrch Händel

“ABERTURA” da ópera “GIULIO CESARE”
“PIANGERÒ LA SORTE MIA” – Ária de Cleópatra da ópera “GIULIO CESARE”
“SVEGLIATEVI NEL CORE” – Ária de Sesto “GIULIO CESARE”
“SORGE INFAUSTA UNA PROCELLA” – Ária de Zoroastro da ópera “ORLANDO”
“VENTI, TURBINI, PRESTATE”- Ária de Rinaldo da ópera “RINALDO”
“WHY DO THE NATIONS?” – Ária do oratório sacro “MESSIAH”
“COMFORT YE...EV`RY VALLEY” – Recitativo e ária do oratório sacro “MESSIAH”
“REJOICE GREATLY” – Ária do oratório sacro “MESSIAH”
“CARA SPOSA” - Ária de Rinaldo da ópera “RINALDO”
“HAPPY WE” - - Dueto e Coro - “ACIS AND GALATEA”

INTERVALO

“CONCERTO GROSSO OP.6 Nº5”
“QUI TI SFIDO” – Ária de Teseo da ópera “ARIANNA”
“LASCIA CH’IO PIANGA” – Ária de Almirena da ópera “RINALDO”
“VOUCHSAFE, O LORD” – Ária do oratório sacro “TE DEUM”
“OMBRA MAI FÙ” – Ária de Xerxes da ópera “XERXES”
“WHERE'ER YOU WALK” – Ária de Júpiter da ópera “SEMELE”
“TORNAMI A VAGHEGGIAR” – Ária de Morgana da ópera “ALCINA”
“HONOUR AND ARMS SCORN SUCH A FOE” - Ária de Harapha do oratório “SAMSON”
“FURIBONDO, SPIRA IL VENTO”- Ária de Arsace da ópera “PARTENOPE”
“LOVE SOUNDS TH`ALARM” - Ária de Acis da ópera “ACIS AND GALATEA”
“RITORNI OMAI NEL NOSTRO CORE” – Dueto final e coro da ópera “GIULIO CESARE”

Gabriella Pace - soprano
Marconi Araújo - contratenor
Flávio Leite - tenor
Leonardo Pace - barítono
CORAL DO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS CLÁUDIO SANTORO
ORQUESTRA DE CÂMARA DO AMAZONAS
Direção Musical e Regência: MARCELO DE JESUS

http://rapidshare.com/files/122736453/BarrOCA_-_Marcelo_de_Jesus_-_Orquestra_de_C_mara_do_Amazonas_Parte_I.zip

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Giuseppe Verdi – “MESSA DA REQUIEM” Homenagem a Pier Miranda Ferraro
Matriz de Nossa Senhora da Conceição – Maio: 10

Nuccia Focille
Eugenie Grunewald
Michael Hendrick
Lucas Debevec-Mayer


CORAL DO AMAZONAS
AMAZONAS FILARMÔNICA
LUIZ FERNANDO MALHEIRO

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Gian Carlo Menotti – “MARIA GOLOVIN” - Teatro Amazonas – Maio: 21/23/25
Maria Golovin - Nuccia Focile
A mãe – Eugenie Grunewald
Donato – Eduardo Amir
Agata – Denise de Freitas
Doutor Zuckertanz – Flávio Leite
O Prisioneiro – Homero Velho
Trottolò – Pedro Henrique Góes Lima

CORAL DO AMAZONAS
AMAZONAS FILARMÔNICA
Direção Musical e Regência: LUIZ FERNANDO MALHEIRO
Direção Cênica: VINCENT BOUSSARD
Cenários: VINCENT LEMAIRE
Figurinos: CHRISTIAN LACROIX
Assistente da direção musical: Franco Bueno
Assistente de direção: Lívia Sabag
Direção de palco: Thiago Rodrigues
Pianista preparador: Lucas Bojikian
Figurinos, Cenários da Produção Ópera de Marseille / Costumes et
décors de la production Opéra de Marseille

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Giaccomo Puccini – “TURANDOT” – Largo de São Sebastião – Maio: 29/31
Turandot – Eiko Senda
Calaf – Martin Mühle
Liù – Gabriella Pace
Timur – Lucas Debevec-Mayer
Ping – Homero Velho
Pang – Eric Herrero
Pong – Flávio Leite
Mandarino – Eduardo Amir
Imperador Autoum – Flávio Leite

CORAL INFANTIL DO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS CLAUDIO SANTORO
CORAL DO LICEU DE ARTES E OFÍCIOS CLAUDIO SANTORO
CORAL DO AMAZONAS
BALÉ FOLCLÓRICO DO AMAZONAS
COMPANHIA DE DANÇA DO AMAZONAS
AMAZONAS FILARMÔNICA

Direção Musical e Regência: MARCELO DE JESUS
Concepção e Direção Cênica: EMÍLIO DI BIASI
Figurinos*: ADAN MARTINEZ
Iluminação: CAETANO VILELA
Coreografia: ANDRÉ DUARTE
Pianistas preparadores: Franco Bueno, Thiago Rodrigues, Lucas Bojikian, Nathália Kato
Assistentes de direção cênica: André Duarte, Cléia Mangueira
Assistente de Figurino: Jairo Sanchez Riano
Coordenador de Figuração: Francisco Mendes
Assistente Coordenador Figuração: Cyndi Mendes
*Figurinos cedidos gentilmente pela Opera de Colombia – Fundación Camarin Del Carmen

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